Red de liturgia

CLAI - Consejo Latinoamericano de Iglesias

Inicio | Quiénes somos | Enlaces

25 de enero de 2017

Prédica: Bem-aventurados os bem-aventurados! (Mateo 5:1-12)

Autor/es: Luiz Carlos Ramos

Visto: 1854 veces

 

Bem-aventurados os que têm saudade de Deus;

o Reino dos Céus lhes pertence.

Bem-aventurados os tristes;

consolo lhes será dado.

Bem-aventurados os de espírito manso;

a terra lhes será dada por posse.

Bem-aventurados aqueles que têm fome e sede de justiça;

eles serão satisfeitos.

Bem-aventurados aqueles que mostram misericórdia;

porque eles receberão misericórdia.

Bem-aventurados aqueles cujos corações são puros;

eles verão a Deus.

Bem-aventurados os que lutam pela paz;

Deus os chamará de filhos.

Bem-aventurados aqueles que têm sofrido

perseguição por causa da justiça;

o Reino dos Céus lhes pertence.

 

(Mt 5.3-11, ver. de Rubem Alves)

 

Aqui, o Poeta de Nazaré traça, com linhas suaves, a doce fisionomia do bem-abenturado.

A expressão “bem-aventurado” se refere à quem é feliz, bem-fadado, sortudo, felizardo, afortunado, venturoso, ditoso. Por isso causa estranheza que tal adjetivo se aplique a quem é pobre, faminto, injustiçado, perseguido.

Acontece que o senso comum nos impele a buscar a felicidade na riqueza, no prestígio, no sucesso, no triunfo sobre tudo e subjugando a todos.

No entanto, esses, que geralmente ocupam o topo das hierarquias sociais e institucionais, não são felizes. Conquanto bajulados pela frente, mal viram as costas, logo são amaldiçoados pelos mesmos bajuladores, por isso são mal(-)ditos, infelizes, detestados porque detestáveis.

Só aqueles que se despem de toda presunção e arrogância, se destituem de toda tirania e autoritarismo, só os que se esvaziam de divindades e prepotências, sim, só os que abrem mão de tudo para então assumir a estatura e a ternura do servo mais humilde é que recebem o dom da bem-aventurança.

A última vez que visitei meu querido amigo, Reverendo Luciano, foi três dias antes da sua morte. Ele estava muito debilitado. Sofria dores e uma sede sem fim. Pele e osso. Muito da sua enfermidade, sabe-se, foi consequência do bullying praticado por colegas e das perseguições da parte de autoridades eclesiásticas. E, a despeito de tudo, permanecia manso, sereno, humilde…

Foi ali, olhando seu rosto e corpo esqueléticos, suas olheiras e olhos profundos, que eu vi materializado, bem na minha frente, o perfil do bem-aventurado descrito pelo poeta de Nazaré.

Porque os verdadeiramente bem-aventurados são os humildes, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os pacificadores, os perseguidos e injuriados por causa da justiça.

Você conhece alguém com essa fisionomia, com esse perfil? Se sim, que privilégio!

Quando se olha no espelho, o que você vê? Espero que não seja o infeliz reflexo de um desventurado, mas a doce fisionomia do bem-aventurado?

Bem-aventurados os bem-aventurados!

 

Reverendo Luiz Carlos Ramos†

Quarto Domingo após Epifania | Ano A, 2016-2017

Share

Palabras relacionadas

Bienaventuranzas, humildad, pobres, mansos

Atras