Autor/es: Nilton Giese
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O sal, sempre sagrado.
O povo fala que, para se conhecer alguém, é preciso “comer um saco de sal com ele”. O sal está na memória dos povos desde a remota antiguidade, como símbolo de alimento, de vida e de memória.
A versão francesa diz que é preciso comer um “muid” de sal. O “muid” francês é equivalente ao “moio” dos portugueses, ambos significando “duzentos e quarenta litros de sal”. Comer todo esse sal tinha o significado de eternidade.
Jesus Cristo fez, do sal, o sentido da missão dos apóstolos. “Vós sois o sal da terra”. Em Levítico 2.13 já havia a santificação do sal. “...em toda a tua oferta, oferecerás sal”. Entre os antigos escravos africanos, quando intimados a se declararem cristãos a ferro e a fogo, ele diziam: “comi sal”. Na Roma e na Grécia o sal valia como graça ou desgraça. De pessoas graciosas dizia-se que “tinham sal”, mas cobria-se de sal o chão da residência dos condenados. Isso aconteceu no Brasil: foi coberto de sal o chão da casa de Tiradentes, tornando-o maldito.
Leonardo da Vinci, no quadro A Santa Ceia, confirma o sal como símbolo da amizade. Por isso, o saleiro na tela, está derramado na mesa, diante de Judas, o traidor. Antes de Cristo as crianças ao nascer eram salgadas, esfregadas com sal para que tivessem longa vida. Os “mortos vivos” de todas as civilizações têm medo do sal.
Os romanos pagavam aos soldados o “salarium”, a quantia para comprar o sal necessário para a alimentação. A partir daí o “salarium” passou a ser o pagamento obrigatório a qualquer trabalho.